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  • Foto do escritorcristiana gastão

MANIFESTO dos quarenta e cinco

Atualizado: 2 de out. de 2019

Não são 40. São 45. Com muita sorte viverei o dobro. O corpo tem que estar autónomo. A mente tem que estar lúcida. Muito difícil. Mas tento fazer por isso. Tento manter o corpo e a mente sã. Tento. Faço por mim. Não pelas redes sociais. Não faço para provar ao Mundo que sou uma Mulher activa. Saudável. Não ando para aí que nem uma louca a correr e a postar receitas de comida saudável elaborada com super alimentos.


Quando desfolho revistas no café. Sim gosto de desfolhar revistas. Só consigo ler “ X chega aos 40 maravilhosa” “Sinto-me melhor com 40 do que quando tinha 20”. Salvo alguns casos. Na generalidade. Seja de corpo ou mente. Ou ambos. Ninguém está melhor com 40 do que quando tinha 20. Os Homens ficam mais charmosos. Concordo. As Mulheres mais inteligentes. É certo. E isso para mim basta. Quem me dera ter o corpinho dos 20 e a inteligência dos 40. Ai meus amigos!


Não me arrependo de nada do que fiz. Mas arrependo-me de muita coisa que não fiz. Era medrosa. Muito. Pensava demasiado. Era pouco inteligente. Não estou a dizer que sou inteligentíssima hoje em dia. Nada disso. Tenho bastantes limitações e filtros intelectuais. Não exploro nem ocupo o meu cérebro com coisas que julgo não me trazerem nada de útil. E com a idade. Cada vez mais. Ou melhor. Cada vez menos. Não me esforço em nada para provar aquilo que sei. Que sou. Que faço. Talvez por isso. Muitas vezes. Surpreendo as pessoas. Isso eu gosto de fazer. Provocar. Surpreender.


Para falar a verdade, eu não me sinto com 45 anos. Não é aquela questão “Ah e tal eu sou muito jovem de espírito” Se calhar até sou. Mas não é essa a questão. Vejo pessoas com a minha idade. Homens e Mulheres. E não me identifico com elas. São demasiado maduras. Conscientes da sua vida. Do seu futuro. Realizadas profissionalmente. Contidas. Sabem o que é que querem e conseguem. Focadas nos seus objectivos. Atenção! Isso não é mau. Muito pelo contrário. Mas sinceramente. Fazem-me sentir uma criança num jantar de adultos.


Nunca ninguém está realmente fantástico. Principalmente a partir dos 40. O relógio começa a contar mais rápido. Analisamos mais a nossa vida. Os sonhos por realizar. Os objectivos por alcançar. As mutações físicas. Que são uma constante. Com filhos. A coisa ainda é pior. Mais difícil. No meu caso. Eu tenho 45 ela tem 15. Quando eu tiver 55 ela tem 25. Por aí fora. O futuro dela. O meu futuro. O nosso futuro. As preocupações têm uma maior dimensão. Talvez sejam mais genuínas. Porque talvez sejam mais…reais. Por isso existe mais stress nesta idade.


No entanto. Vivemos com mais intensidade os momentos felizes. Eu. Eternizo as sensações boas. Relativizo facilmente as más. Quando somos mais novos. Tudo o que é menos bom é vivido com uma intensidade absurda e tudo o que é bom é efémero na memória. É apenas um momento.


Há uns anos li algures uma frase. Não sei quem a citou. Nunca quis pesquisar. Mas o que interessa é que é a minha verdade.


“Os 40 anos são uma idade terrível. É a idade em que nos tornamos naquilo que somos.”


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